Simulações estatísticas no contexto de gachapons

LUCAS RIOS BICALHO

No contexto de jogos online, um fenômeno recente e bastante criticado é a inserção de microtransações, lootboxes e afins, de modo a incentivar os jogadores a gastarem dinheiro real ao colocá-los em posição semelhante à de um apostador em um cassino online.
Entretanto, existe um gênero de jogos onde esse tipo de comportamento não só é normalizado como também é o atrator principal: são os gachapons, ou simplesmente gachas. A palavra tem sua origem no japonês 嘎查 (gāchá), se referindo originalmente às maquininhas de vendas de brinquedos nos quais são inseridas uma moeda e retira-se um prêmio aleatório.
Nesse tipo de jogo, o usuário depende fortemente de sorte para conseguir atingir algum objetivo específico: seja desbloquear um personagem que ele deseja, melhorias para os personagens que já tem ou avançar em estágios do jogo, em algum momento se deparará com uma barreira, onde precisará trocar uma certa quantidade de moedas do jogo por uma chance de conseguir o que deseja.
O modelo de negócios se torna bastante simples: uma vez que o usuário esgota as moedas que conseguiu jogando, existirá uma chance de que não tenha atingido seus objetivos. Nesse momento, precisará escolher entre desistir ou gastar dinheiro real para ter mais tentativas. Além disso, como as probabilidades tendem a ser relativamente complexas, com várias variáveis afetando o resultado da “loteria”, cria-se uma barreira, impedindo (ou desestimulando bastante) que o jogador tome uma decisão completamente informada.
Este gênero inicialmente se destacava em um nicho bem específico: o mercado de games mobile asiático. Entretanto, com o lançamento e sucesso generalizado de Genshin Impact, jogadores do mundo todo foram introduzidos a ele, não se restringindo mais apenas ao nicho original.
O objetivo do trabalho é desenvolver uma ferramenta que auxilie o jogador deste gacha em específico a visualizar melhor as chances que ele tem de obter os itens que deseja e julgar, racionalmente, se vale a pena ou não gastar dinheiro real.


2024/1 - POC1

Orientador: Pedro Olmo Stancioli Vaz de Melo

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